sábado, 3 de setembro de 2011

   A infância, a morte, o lúdico e a vida real....
               Que pena que eu não nasci com o dom de uma "encantadora de baleias"...


    O mar que abraça a terra onde nasci me ofereceu a oportunidade de aprender, desde menina, algumas coisas valiosas como o a riqueza de possibilidades e a diversidade de formas com que a natureza se manifesta, a lei da impermanência de tudo o que existe, o respeito por tudo que é vivo, a insignificância do meu tamanho diante do universo e os intransponíveis limites do tempo, do alcance de visão e de compreensão do todo que esta insignificância me impõe; o poder de destruição da ignorância humana e a minha absoluta impotência diante do irremediável*.
   Orientada por essa bússola particular de entendimentos parti da infância pra vida adulta.
   Hoje, quando estava dando aquela olhada semanal no meu mapa pessoal de rotas e territórios, pra me localizar melhor, o ajuste das lentes de perspectiva foi atualizado para a seguinte versão: foco- 47anos,
direção- sentido da luz.
   Eu consegui dar um upgrade na imagem e, pela primeira vez, enxerguei todo o desenho traçado pelos caminhos que desbravei e percebi que, ao utilizar minha bússola para atravessar o que, na época, me era desconhecido, eu escolhi o caminho do meio, cujo poder de destruição é quase nulo.
   Eu descobri uma nova maneira de ir adiante: o ir remediável*....cujo impacto ambiental é restaurador.

(*)Eu não criei, nem descobri  as possibilidades contidas na  palavra "irremediável". A idéia original é de Caio Fernando Abreu, o título de seu primeiro livro, publicado em 1970, é "Inventário do Irremediável". Em 1995, a obra foi revisada por Caio, ganhou um hífen, e  reeditada com o título"Inventário do Ir-remediável".